
Por Diego Arrebola*
Nossa conversa hoje é sobre vinhos BONS, não apenas bons, mas BONS, assim mesmo, em maiúsculas.
Isso porque BONS não é um adjetivo. Aliás o correto mesmo seria B.O.N.S., sigla para Biodinâmicos, Orgânicos, Naturais e Sustentáveis, categorias mais comuns a cada dia e que chamam sempre mais a atenção do consumidor. Mas você sabe exatamente como são cada estes vinhos e o que diferencia uma categoria da outra? Vamos então entender um pouco melhor cada uma delas.
Vinhos orgânicos, um conceito já estabelecido
Começamos pelos vinhos orgânicos, por tratar-se de conceito já mais claro para a maioria de nós. Orgânicos são produtos de produção agropecuária que não utilizam qualquer espécie de tratamento, adubo ou defensivo sintético. No caso de vinhos orgânicos, isso se aplica na produção das uvas, nos vinhedos, mas também se estende à adega, onde apenas produtos orgânicos podem ser utilizados na vinificação.
Existem diferentes órgãos que promovem a certificação de produtos orgânicos no Brasil e no exterior, porém uma curiosidade é que não são muitos os vinhos importados certificados como orgânicos aqui no Brasil. Acontece que os “sábios” do governo decidiram que as certificações obtidas pelo vinho no seu país de origem não são válidas, devendo o vinhos passar por todo o processo de certificação uma vez mais no Brasil, processo demorado e caro que acabaria por tornar o vinho mais caro para você consumidor.

Como resultado acaba que muitos dos vinhos orgânicos importados para o Brasil são importados como vinhos convencionais, sendo a comunicação feita ao consumidor pelo importador. É o caso do Tapiz VSO, certificadamente orgânico na Argentina mas que não pode aproveitar-se da sua categoria sem passar por um novo – e caro, e desnecessário – processo de certificação no Brasil.
Com o certificado, temos todos os vinhos das linhas Neyen, Primus e Ritual, da vinícola Veramonte, e todos os rótulos da chilena Nuevo Mundo.
Vinhos biodinâmicos e o vinhedo como um organismo integrado ao ambiente
Um pouco além dos orgânicos temos daí os vinhos biodinâmicos. Estes vão além da produção orgânica e levam também em conta em sua produção os princípios filosóficos da antroposofia, estabelecidos pelo austríaco Rudolph Steiner no século XIX.
Na produção biodinâmica o vinhedo é visto como um organismo, integrado ao ambiente onde está inserido. Toda a condução das plantas é feita de forma a respeitar e fortalecer essa interação, utilizando tratamentos naturais baseados fundamentalmente em plantas e ervas, além de respeitar os ciclos das estações e da lua durante todas as fases da produção.

A prática da biodinâmica ganhou força entre produtores de vinhos especialmente a partir dos anos 80, inicialmente na Europa e depois se espalhando pelo mundo, com vinícolas orientadas por essa filosofia em praticamente todos os países produtores. Na Total Vinhos, os vinhos da chilena Veramonte – Ritual, Primus e Neyen - são todos elaborados sob práticas biodinâmicas.
Vinhos naturais, onde nada se retira e nada se adiciona
Um passo ainda adiante são os ditos vinhos naturais. Aqui fica um pouco mais difícil estabelecer uma definição clara, pois não há consenso nem mesmo entre os que os produzem e tampouco há uma definição legal. Mas me linhas gerais, vinho natural é aquele do qual nada se retira e nada se adiciona, vinho feito com uvas cultivadas sem intervenção e feito com o mínimo de intervenção.

O único vinho da Total Vinhos que se enquadra nesta categoria é o Tapada do Coronel Vinho de Talha. Suas uvas provém de vinhas muito antigas cultivadas na Serra de São Mamede, no limite norte do Alentejo. Sua vinificação em ânforas não tem qualquer intervenção da enóloga Sónia Martins, e o vinho não tem nenhum tipo de conservante adicionado para sua conservação.
Vinhos sustentáveis, fazendo o máximo com o mínimo
Já a categoria que talvez seja a de maior crescimento a cada dia é a dos vinhos sustentáveis. Estas são produzidos com agricultura convencional, porém recorrendo apenas ao mínimo necessário para garantir a integridade dos vinhos, além de preocupação e cuidados extras, em todas as escalas de produção e venda, de modo a minimizar o potencial impacto ambiental que haveria por conta da produção, distribuição e venda.
Em locais muito úmidos, como o Dão, em Portugal, ou a Serra Gaúcha, os produtores seguem seu calendário de aplicações, porém reduzindo-as ao mínimo necessário para que garantam uma elaboração economicamente viável. É o caso do Pedra Cancela Eco Friendly, um tinto do Dão que utiliza uvas da agricultura sustentável, rótulos e caixas de papel reciclado e garrafas mais leves.
O ponto central é que, qualquer que seja a categoria escolhida, ter a nossa disposição vinhos que podem proporcionar mais qualidade de vida para nós e maior cuidado com o planeta sempre é uma boa opção, opção que a Total Vinhos te oferece com nossa seleção.
*Diego Arrebola é sommelier certificado pela ASI e AIS. É tricampeão brasileiro de sommellerie, palestrante e professor dos cursos de sommelier da ABS-SP e da WSET, entre outros.