Se vinho velho não é necessariamente sinônimo de vinho bom, o mesmo não se pode dizer das vinhas velhas. Saiba os motivos!
Vinhas Velhas, Old Vines, Viñas Viejas… Já se deparou com este termo em algum rótulo de vinho? Caso já tenha, ele significa que aqueles vinhos são provenientes de vinhas, bem, velhas, com uma idade em que talvez seu uso comercial já não faça mais sentido. Então, por qual razão os produtores mantêm vinhas antigas em produção?
Entendendo quando, como e quanto uma videira produz
Plantar “vinho” não é tarefa simples. Ao contrário de muitas culturas, a videira só começa a produzir uvas em condições de serem transformadas em vinho de três a cinco anos depois de plantadas, e uma boa colheita anual está garantida apenas após sete ou oito anos.
A partir daí, a videira se desenvolve e aumenta o vigor e a produtividade até seus quinze a vinte e cinco anos, dependendo do local onde estão plantadas e das condições de manejo. Depois disso, começa a produzir cada vez menos, tornando-se, então, uma vinha velha.
Menos que uma legislação, muito mais que um simples termo
Alguma confusão que exista em torno do termo Vinhas Velhas acontece por ele não fazer parte de nenhuma lei. Como já dissemos, a videira vive de forma diferente em lugares diferentes, e o que é considerado velho em algum lugar pode não ser tanto em outros.
Normalmente, os produtores não utilizam o termo em vinhas de menos de cinquenta anos, o que é um bom período para qualquer lugar. Nesta idade, qualquer videira já produz muito menos do que já fez em seu auge e cabe à vinícola decidir se vale a pena mantê-la ou se o melhor é arrancar e começar tudo de novo com outras plantas.
Se a escolha for manter, os vinhos elaborados a partir de vinhas velhas certamente terão um adicional de qualidade. Ao envelhecer, uma videira enterra suas raízes muito mais fundo no solo, resistindo melhor a secas, se adaptando a temporadas de muita chuva e trazendo à fruta mais nutrientes e minerais do que as plantas novas e de raízes menos profundas fariam.
Além disso, sua produção fica bastante menor, fazendo com que a planta concentre açúcares e compostos em menos frutos, originando, assim, uvas mais maduras, doces e complexas.
Vinhas velhas, as verdadeiras expressões de terroir?
Além disso, as vinhas velhas, com o passar do tempo, se conectam de forma muito harmônica com o local onde vivem. Quanto mais velhas estão, menos manejo necessitam. Em evento recente, a enóloga Sofía Araya, da chilena Veramonte, conduziu jornalistas e convidados por um passeio entre os vinhedos antigos de Apalta, com vinhas de incríveis 130 anos.
Segundo Sofía, estas vinhas se “autorregulam”, lendo com muita precisão os eventos de mudança climática e dando, ano após ano, uvas de uma qualidade superior e muito constante, que representam com fidelidade o que acontece no terreno.
Já conhece os vinhos de Vinhas Velhas?
O resultado, portanto, são vinhos mais complexos e que representam como poucos os terroirs de onde vêm.
Na Total Vinhos, temos diversos exemplos de vinhos elaborados com vinhas velhas. Confira algumas dicas abaixo e escolha o seu!
Palavrar Vinhas Velhas: este vinho Reserva do Douro é elaborado a partir de um field blend de vinhas velhas com mais de 60 anos de idade. Isso significa que todas as tintas de determinada parcela ou vinhedo são colhidas e entram no corte, o que pode significar muitas variedades reunidas em um só vinho. É intenso, com notas de especiaria e final longo e persistente.
Finca La Anita Gran Corte: este argentino é um corte das variedades Syrah e Malbec. Quando Manuel Mas fundou a vinícola em Mendoza, comprou a “Finca”, ou fazenda, já com algumas variedades plantadas, dentre as quais se destacou a Syrah, com plantas de 1947 ainda conduzidas em sistema de latada. É um vinho com muita potência, notas de fruta vermelha madura e madeira presente.
Primus The Blend: elaborado em Apalta, no Chile, com as mesmas uvas que fazem parte da elaboração do ícone Neyen, como a Carménère de 80 anos e a Cabernet Sauvignon de incríveis 130 anos de idade.
